A iniciativa de uma audiência pública na Câmara dos Deputados é do
mesmo autor da Lei Seca, deputado Hugo Leal e se tiver o mesmo êxito, a
formação de novos motoristas no Brasil vai mudar para melhor.
Às vésperas da Semana Nacional do Trânsito de 18 a 23 de setembro próximo, como parte do pacote que será lançado
pelo Ministério das Cidades com nome de “Parada: Pacto Nacional Pela
Redução de Acidentes”, vem aí a grande novidade.
Os mais de 50 mil instrutores e examinadores de trânsito do Brasil
terão de fazer um provão nos mesmos moldes do Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM). No caso dos instrutores e examinadores, trata-se do Exame
Nacional de Instrutores e Examinadores de Trânsito (ENIT). O objetivo é
avaliar, a partir deste ano, a formação das pessoas que estão ensinando e
formando os novos motoristas.
Embora muita gente não concorde com os tais “provões”, o ENIT vai ser
a oportunidade de avaliar não só a formação, mas também servirá de
indicador para demonstrar se a prática dos instrutores e examinadores
corresponde às reais necessidades dos alunos e se interferem nos altos
índices de reprovação nos testes de direção.
E antes que saiam dizendo que a cobrança será só em cima dos
instrutores e examinadores, a partir dos resultados do ENIT também será
feito o acompanhamento da atuação dos órgãos executivos de trânsito do
nível de qualidade dos serviços prestados aos CFC’s e à sociedade.
Espera-se, com isso, também cobrar dos DETRANS e até do próprio
DENATRAN uma resposta para ampliar a qualidade do processo de formação,
requalificação e capacitação desses profissionais do trânsito, aplicando
as medidas, programas e ações necessárias.
No que se refere à audiência pública, a pauta lembra muito as paradas
pedagógicas realizadas por mim com os Detrans, CFC’s e seus
profissionais de todo o Brasil e reconhecidas como Boas Práticas no
Trânsito pela Perkons. Trata-se de um momento em que todos os envolvidos
no processo de ensinar e aprender a dirigir reconhecem suas
responsabilidades, identificam oportunidades e buscam soluções.
O foco é na aprendizagem significativa em substituição aos
métodos de ensino que adestram o aluno para tornar o ensino e a
aprendizagem significativos, atualizar os métodos de ensinar e aprender a dirigir no Brasil e evitar acidentes por imperícia nessa fase.
Em Brasília, participam da audiência pública o presidente da
Federação Nacional das Autoescolas Centro de Formação de Condutores
(FENEAUTO), o Presidente da Associação Nacional dos Detrans/Detran-AC, o
Diretor-Geral do DENATRAN, o Presidente do Sindicato das Autoescolas do
Estado do Rio de Janeiro; o Presidente do Sindicato dos Instrutores e
Empregados em Autoescolas de Aprendizagem do Estado do Rio de Janeiro e o
Presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).
É isso aí, sociedade! Parece que acendeu uma luzinha no final do
túnel, daquelas de reacender a esperança de que o modo como se ensina e
se aprende a dirigir no Brasil possa ser revisto, atualizado e tratado
com a devida seriedade e importância.
Pelo menos, estão se mexendo lá em cima e, como no Brasil toda mudança vem de cima, tomara que isso seja um bom sinal.
O instrutor de autoescola será apresentado na audiência pública como
personagem primeiro na formação do condutor, o profissional que serve de
referência e de parâmetro para o aluno em processo de habilitação. Por
este motivo, se tratará do papel de outros diretamente envolvidos como
os gestores de CFC, diretores de ensino, profissionais do Detran, dentre
outros em esfera maior.
Minha esperança é de que o adestramento com que se ensina as pessoas a
dirigir nas autoescolas e que, em grande parte, é responsável pelos
altos índices de reprovação nos testes de direção, seja substituído por
um modelo de aprendizagem significativa e defensiva, com acolhimento
emocional ao aluno para superar o medo de dirigir e outras dificuldades
que causam os acidentes por imperícia. Chega! Já temos acidentes demais!
Esperançosa aqui. Parece que agora vai! Pelo menos, estamos iniciando
o debate sobre um dos maiores problemas na formação de novos
motoristas: o adestramento.
Será que vou viver para ver esse sonho realizado?
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