Giulliane
Viêgas
O motorista Ronaldo da Silva Alves Junior, de 26, indiciado
por homicídio culposo, poderá responder por crime doloso. Segundo a delegada da
32ªDP (Taquara), Daniela Terra, agora responsável pela investigação sobre o
acidente de van que deixou dois mortos na Estrada dos Bandeirantes, o condutor
do veículo dirigia sem habilitação e, com isso, assumiu o risco de matar.
— Não está afastada nenhuma hipótese. Por isso, foi
instaurado um inquérito policial para apurar as circunstâncias do acidente.
Estamos esperando os resultados dos laudos periciais e o depoimento das
testemunhas. Essa decisão pode mudar, depende desses resultados — disse a
delegada.
Aurélia Nogueira, de 54 anos, e Cauê Ricardo de Souza, de 6,
morreram e 14 pessoas ficaram feridas no acidente. Ontem, no velório do filho,
no Cemitério do Pechincha, a mãe de Cauê, Cláudia Santos, de 28 anos, disse que
o homem dirigia em alta velocidade quando a van passava pela Estrada dos
Bandeirantes. Segundo a manicure, Ronaldo perdeu o controle do veículo.
— Ele (o motorista) acelerou muito. E aí capotamos. Quando
eu vi, o meu filho já não estava no meu colo. Fui encontrá-lo já morto — contou
Cláudia.
Para o presidente da Comissão Especial de Acompanhamento e
Estudo da Legislação do Trânsito da OAB-RJ, Armando de Souza, o acidente pode
ser interpretado de várias maneiras.
— Pode ser dolo eventual: ele não queria matar, mas assumiu
esse risco ao dirigir sem habilitação. Também pode ser lesão corporal culposa,
o que aconteceu. Depende da denúncia que será oferecida e dos elementos de
prova. O fato dele não ter carteira é um agravante — disse.
De acordo com o deputado federal Hugo Leal (PSC), o que
aconteceu em Jacarepaguá foi um crime:
— Um homicídio de trânsito. Ele não tinha intenção, mas agiu
com consciência. Temos a cultura do culposo, pela lei, mas é preciso mudar essa
consciência.
‘Por que ele e não
eu, meu Deus?’
Depoimento da manicure Cláudia Santos, de 28 anos, mãe do
menino Cauê
“Lembro que, na
segunda-feira, meu filho ficou cobrando a promessa que tinha feito de irmos à
praia. Ele era louco pelo mar. Acordou cedo e disse: “Mamãe, hoje é o dia de
praia, vamos logo’’. Isso me dá um aperto no coração. Se tivesse ido em outro
horário, se tivesse feito diferente, nada disso teria acontecido. Por que ele e
não eu, meu Deus? Por que eu não consegui evitar que tudo isso acontecesse?
Essa dor eu vou carregar para o resto da minha vida. Vou lembrar para sempre do
sorriso dele toda vez que dizia que íamos à praia. Ele era um menino doce,
adorado e esperto. Me sinto privilegiado por ter sido mãe dele durante seis
anos. Apesar da partida precoce, ele me mostrou e me fez sentir o amor mais
puro, verdadeiro e infinito que existe na vida. O amor de uma mãe para um
filho.”
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