quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Para polícia, motorista de van que capotou em Jacarepaguá assumiu risco de matar ao dirigir sem habilitação



Giulliane Viêgas

O motorista Ronaldo da Silva Alves Junior, de 26, indiciado por homicídio culposo, poderá responder por crime doloso. Segundo a delegada da 32ªDP (Taquara), Daniela Terra, agora responsável pela investigação sobre o acidente de van que deixou dois mortos na Estrada dos Bandeirantes, o condutor do veículo dirigia sem habilitação e, com isso, assumiu o risco de matar.

— Não está afastada nenhuma hipótese. Por isso, foi instaurado um inquérito policial para apurar as circunstâncias do acidente. Estamos esperando os resultados dos laudos periciais e o depoimento das testemunhas. Essa decisão pode mudar, depende desses resultados — disse a delegada.

Aurélia Nogueira, de 54 anos, e Cauê Ricardo de Souza, de 6, morreram e 14 pessoas ficaram feridas no acidente. Ontem, no velório do filho, no Cemitério do Pechincha, a mãe de Cauê, Cláudia Santos, de 28 anos, disse que o homem dirigia em alta velocidade quando a van passava pela Estrada dos Bandeirantes. Segundo a manicure, Ronaldo perdeu o controle do veículo.

— Ele (o motorista) acelerou muito. E aí capotamos. Quando eu vi, o meu filho já não estava no meu colo. Fui encontrá-lo já morto — contou Cláudia.

Para o presidente da Comissão Especial de Acompanhamento e Estudo da Legislação do Trânsito da OAB-RJ, Armando de Souza, o acidente pode ser interpretado de várias maneiras.

— Pode ser dolo eventual: ele não queria matar, mas assumiu esse risco ao dirigir sem habilitação. Também pode ser lesão corporal culposa, o que aconteceu. Depende da denúncia que será oferecida e dos elementos de prova. O fato dele não ter carteira é um agravante — disse.

De acordo com o deputado federal Hugo Leal (PSC), o que aconteceu em Jacarepaguá foi um crime:

— Um homicídio de trânsito. Ele não tinha intenção, mas agiu com consciência. Temos a cultura do culposo, pela lei, mas é preciso mudar essa consciência.



Por que ele e não eu, meu Deus?’
Depoimento da manicure Cláudia Santos, de 28 anos, mãe do menino Cauê
“Lembro que, na segunda-feira, meu filho ficou cobrando a promessa que tinha feito de irmos à praia. Ele era louco pelo mar. Acordou cedo e disse: “Mamãe, hoje é o dia de praia, vamos logo’’. Isso me dá um aperto no coração. Se tivesse ido em outro horário, se tivesse feito diferente, nada disso teria acontecido. Por que ele e não eu, meu Deus? Por que eu não consegui evitar que tudo isso acontecesse? Essa dor eu vou carregar para o resto da minha vida. Vou lembrar para sempre do sorriso dele toda vez que dizia que íamos à praia. Ele era um menino doce, adorado e esperto. Me sinto privilegiado por ter sido mãe dele durante seis anos. Apesar da partida precoce, ele me mostrou e me fez sentir o amor mais puro, verdadeiro e infinito que existe na vida. O amor de uma mãe para um filho.”

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